"Massacre sangrento". Dezenas de mortos após ataque israelita a bairro residencial em Gaza
Pelo menos 35 pessoas morreram e outras dezenas ficaram feridas num ataque israelita ao bairro residencial de Shujayea, em Gaza, na quarta-feira. O Ministério da Saúde do enclave já alertou que o número de vítimas mortais pode subir, enquanto as equipas de resgate e os próprios habitantes tentam encontrar pessoas entre os escombros. O Hamas já condenou aquele que descreveu como um "massacre sangrento".
No entanto, fontes médicas da Al Jazeera garantiram que os ataques se destinaram a casas, abrigos e campos de refugiados.
Um habitante de Shujayea contou à agência France-Presse que algumas das vítimas ficaram “em pedaços” depois do ataque, que utilizou “vários mísseis” para espalhar estilhaços. “A poeira e a destruição maciça encheram todos os lugares. Não conseguíamos ver nada, só [ouvíamos] os gritos e o pânico das pessoas”, revelou.O Hamas já reagiu ao mais recente ataque, classificando-o como “um massacre sangrento” cometido por Israel.
A maioria das vítimas, entre as quais crianças, eram pessoas que foram viver para o bairro de Shujayea depois de terem sido forçadas a abandonar as suas casas devido à ofensiva israelita em Gaza.
Um porta-voz da Proteção Civil disse ser muito difícil alcançar as “dezenas de pessoas” presas debaixo dos destroços pois as equipas não possuem equipamentos apropriados devido ao bloqueio, por Israel, da passagem de ajuda ao território palestiniano.
Além disso, também os médicos têm falta de medicamentos para tratar as vítimas e os hospitais estão praticamente sem reservas de sangue.
Milhares de pessoas fugiram na semana passada de Shujayea depois de o Exército israelita ter ordenado a evacuação da maior parte do bairro. No entanto, segundo os habitantes, a área atingida no mais recente ataque não estava contemplada pela ordem de evacuação.
“Disseram-nos que esta era uma área segura para os deslocados, mas depois atingiram quarteirões residenciais com mísseis letais. O que fizeram as crianças? Será que elas disparam mísseis contra o Exército de Israel?”, lamentou um idoso morador do bairro, em declarações à BBC.
Israel retomou os bombardeamentos aéreos contra Gaza no mês passado, após uma trégua de quase dois meses com o Hamas, e acabou por alargar a ofensiva terrestre a todo o território. De acordo com as autoridades palestinianas, mais de 1.400 pessoas morreram só neste período.
Os mediadores Egito, Catar e Estados Unidos têm procurado, sem sucesso, regressar às negociações de cessar-fogo.
c/ agências